Autor: Bert Hellinger
Livro: Liberados somos Concluídos
Quando olho nos olhos de um ser amado e digo: "Eu amo você", estou abrindo-lhe o meu coração e tocando o seu.
Mas, será que ele poderá, realmente, confiar em meu amor? Meu amor será forte o suficiente para aguentar firme até o fim e passar por todas as provas possíveis, ou essa frase não estaria sobrecarregando a ele e a mim?
Meu amor ganha força, quando não for desejado e sustentado unicamente por mim e quando não for direcionado apenas ao outro, mas também àquilo que é maior do que ele, que determina seu destino e que o reinvidica para si. Portanto, devo ampliar essa frase "Eu amo você" até que, nela essa outra dimensão seja reconhecida e abrangida. Então, digo ao outro não tão somente "Eu amo você" e, sim, digo-lhe "Eu amo você e aquilo que conduz a mim e a você." Eu amo você e aquilo que conduz a mim e a você.
Aquilo que conduz a mim e a você talvez nos conduza, por um certo tempo, pelo mesmo caminho. Portanto, nos une nesse caminho de maneira íntima e afetuosa. Depois, cada um de nós talvez se dê conta que está sendo conduzido por um outro caminho a um outro destino. Aquilo que nos conduz poderá, e talvez até deva, nos separar. Quando vemos e reconhecemos tal possibilidade, o que acontece com nosso amor? Terá, então, chegado ao fim?
Não. É justamente aquilo que parece estar nos separando que nos une, de maneira mais profunda. Assim, nos tornamos unos tanto com o ser amado quanto, juntamente com ele, com algo maior.
Esse amor é a base do respeito. Eu somente respeito o outro como ele é quando, primeiramente, também respeito o que o conduz.
Agora podemos perscrutar dentro de nossa alma o que isto significa para os nossos relacionamentos. Por exemplo, quando numa relação a dois, homem e mulher dizem um ao outro: Eu amo você e aquilo que conduz a mim e a você. Ou os pais dizem aos filhos: Eu amo você e aquilo que conduz a mim e a você. Ou quando uma criança diz ao pai ou à mãe: Eu amo você e aquilo que conduz a mim e a você.
Podemos também dizer esta frase a um doente, que nos pede ajuda: Eu amo você e aquilo que conduz a mim e a você. Então, talvez possamos compreender o sentido de sua doença e o caminho ao longo do qual esta o conduz. Talvez, também, possamos compreender se somos capazes de ajudá-lo, se formos convocados para tal. Então, não seremos nós os únicos que, apoiados por nosso conhecimento e nossa experiência, estaremos intervindo em seu destino. Seremos conduzidos por algo que transcende a nós e a ele e ao qual ambos nos submetemos, da mesma maneira.
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