LITERATURA, MÚSICA, CINEMA, ATUALIDADES E OUTRAS DELÍCIAS...

5 de janeiro de 2014

Hoje é Hoje!

 
Olá Pessoal!
Com essa frase é quase impossível não pensar em tudo o que está acontecendo à nossa volta, pois pelo acesso rápido que temos aos fatos do mundo, praticamente em tempo real, passo a refletir se estamos vivendo mesmo o HOJE! Se prestamos atenção ao que sentimos e às pessoas que nos cercam, enfim, tenho vontade de saber se estamos ou não vivendo a VIDA  em sua plenitude e beleza?
Desculpem, nem sei se deveria escrever hoje, pois estou me sentindo triste e decepcionada com as notícias que vejo nos jornais, na TV, nas redes sociais, etc. Muitas vezes eu procuro ali apenas uma distração, ou uma válvula de escape ao sonho, ou seja, dar uma fugidinha básica do cotidiano para procurar a suavidade que sinto cada vez mais rara. Em tempos de rede social, os encontros com os amigos face a face perdem um pouco o seu espaço na agenda.
Eu cresci no interior brincando na rua com os vizinhos, em uma cidade em que todos ou a maioria das famílias se conheciam e hoje vejo que a brincadeira das crianças são o celular, computador, ipad etc, os inimigos não tem mais rosto pois assumem a imagem, idade e o caráter que quiserem atrás da tela do computador. São perigosos para as crianças pois estão em todos os lugares e estão dentro de nossas casas.
Enfim, nem nós adultos podemos viver em segurança, e se você é mulher como eu, ah...aí é que a taxa de insegurança social sobe mais alguns zeros na estatística. Bem, estou triste com as notícias de violência contra a mulher que aumentou muito nos últimos anos, ou sempre foi assim mas agora que temos mais acesso às notícias sabemos mais? Não sei, mas o ano de 2014 mal começou e já perdi as contas de quantas mulheres foram assassinadas ou feridas pelos seus parceiros aqui no Brasil, isso sem contar a morte de crianças pelos pais ou parentes próximos, crimes contra os animais etc...
Hoje temos medo de fazermos novas amizades, de nos relacionarmos com o sexo oposto porque vivemos em um mundo em que as pessoas não aceitam mais o NÃO, não aceitam o término de um relacionamento, a demissão de um emprego etc. Parecemos voltar à Lei de Talião em que a ofensa é devolvida na mesma moeda ou pior até, porque nos casos dos crimes citados acima, o agressor julga-se o Senhor da Vida e da Morte em que a pessoa que é o objeto de seu desejo não poderá viver se não estiver com ele ou ela. Enfim, é difícil confiar, é difícil viver em um mundo como este.
Saímos de casa e não sabemos se vamos voltar.
Desculpem, sei que o post de hoje está um pouco pesado mas, foi apenas um desabafo e no fundo do meu coração acredito ainda que em seu íntimo os seres humanos são bons e capazes de sentimentos nobres. Apesar de tudo tem muita gente boa por aí batalhando e defendendo as suas causas. E acredito profundamente que a humanidade está ficando mais lúcida e generosa e as crianças que estão vindo por aí são a prova disso, pois nos ensinam a sermos melhores, elas já vêm nascendo mais sensíveis e lapidadas moralmente e espiritualmente.
Vamos iniciar a semana acreditando na paz, no amor e na fraternidade.
E lembre-se que Hoje é Hoje e sigam o conselho da imagem e façam dele o seu dia predileto, assim como já o fazem os sábios animais.
Boa semana! Abraços! 


1 de janeiro de 2014

Receita de Ano Novo



"Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre."
 
Carlos Drummond de Andrade.

            Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.