Ainda hoje eu me lembro bem da ansiedade que senti em meu primeiro dia
de aula. Eu estava com receio de deixar meus pais e desbravar um novo mundo,
mas de alguma forma eu intuía que aquele momento mudaria a minha vida e foi
exatamente assim que aconteceu.
Eu já amava os livros, mesmo quando as letras ainda eram um mistério e me lembro dos gibis em que ficava tentando adivinhar o que estava escrito nos balões e quando liam para mim era um sonho que se abria, um local de fantasia em que eu podia ser qualquer pessoa, qualquer personagem, poderia viajar para onde eu quisesse sem sair do lugar.
Ah! Mas as letras, quando enfim
abriram os seus mistérios para mim eu não tinha mais dúvidas: viver da
escrita se tornaria e seria o meu maior sonho.
Quando passei a responder àquela famosa pergunta que fazem às crianças:
“O que você quer ser quando crescer?” Eu respondia: escritora. Mas aí logo
vinha a desilusão: “É melhor escolher outra coisa que isso não é profissão e
não faz ninguém ganhar dinheiro no Brasil.”
Eu achava estranho, pois grandes
escritores que lia na infância e adolescência passaram a viver da escrita e
suas obras ultrapassaram os séculos e se tornaram imortais.
Com o tempo, infelizmente, fui
percebendo que os livros não estavam ao alcance de todos e quando estavam,
muitos não se importavam em lê-los. A língua portuguesa, tão rica, foi
empobrecendo no dia a dia, em meio a tanta desigualdade social e econômica. Como
a maioria dos brasileiros, sem oportunidades, muitos poderiam ser comparados ao
personagem Fabiano de Vidas Secas de Graciliano Ramos, em que o autor humanizou
a cadela de estimação Baleia que, com seus olhares e latidos expressava como
“palavras” o que os personagens eram incapazes de exprimir para lutarem contra
a fome e as injustiças sociais.
Eu sempre me perguntei o porquê de
o mundo inteiro não falar a mesma língua e isso me despertou o desejo de
estudar outros idiomas, cultura, literatura e história de outros países, especialmente
a inglesa, e entrei para a faculdade de Letras. Mas com o tempo deparei-me com
outra realidade extremamente triste e espantosa, ou seja, a situação da educação
brasileira se encontrar no patamar onde está com tantos analfabetos funcionais
que sabem ler e escrever, mas não conseguem interpretar e entender um texto de
jornal, um conto, pois até então não compreendia que o analfabetismo tinha
vários níveis e categorias, uma realidade que precisava mudar e que hoje começo
a vislumbrar com um pouco mais de esperança que viver da escrita está se
tornando cada vez mais possível e essencial.
Com a pandemia do Novo Coronavírus
e a necessidade das empresas, comércio, escolas, empreendedores, enfim, todos
nós nos adaptarmos ao regime de Home Office trouxe a necessidade de nos
comunicarmos de forma coesa e coerente nos diversos meios digitais e a importância
da clareza na comunicação se tornou decisivo no sucesso de um negócio.
Antes, se mandássemos um e-mail
confuso no escritório poderíamos nos explicar em uma reunião presencial e
reverter o processo de uma negociação fracassada, mas hoje, ficou cada vez mais
difícil causar uma segunda boa impressão.
Nunca foi tão importante o
trabalho dos redatores profissionais neste momento de crise e com tantas
mudanças no “novo normal” que estamos vivendo, pois, eles se tornaram peças-chave
e a ponte entre as pessoas e as empresas, separados apenas pelas telas dos
computadores e celulares.
Hoje o campo é fértil para aqueles
escritores que querem se revelar ao mundo com aquele sonho escondido dentro de
uma gaveta em meio a tantas coisas a fazer e o famoso “deixa para depois.” Viver
da escrita é perfeitamente possível, mas é preciso ter coragem, força e
garra para tentar e agir.
A profissão de redator é antiga,
mas o contexto em que estamos é novo e o mercado precisa de cada vez mais
profissionais qualificados atuando na linha de frente da comunicação.
É imprescindível que,
independentemente de alguém se tornar um escritor profissional ou não, que
todos possam se comunicar de uma forma compreensível, pois já me deparei com
textos de estagiários de faculdade muito bem escritos à primeira vista, mas que
não obedeciam às instruções claras sobre o tema, ou seja, que abordavam
assuntos completamente diferentes do que foi proposto, ou, que começavam a
abordar a questão, mas que, no meio do texto mudavam de assunto. Para quem quer
viver da escrita é preciso ler muito sobre vários temas e escrever diariamente
como um exercício constante, pois a língua é viva e está em constante avanço e
transformação.
Com a prática, muito estudo e
suor para empreender, acredito que seja possível que bons redatores ganhem
muito dinheiro trabalhando com redação e prestando serviços de onde quiser para
várias partes do mundo. Mas antes é preciso profissionalizar este mercado e a
cultura das empresas ao reconhecer que um bom texto atrairá clientes, negócios
e vendas e consequentemente o crescimento no faturamento e economia do país, ou
seja, todos ganham.
Outra coisa que é muito
importante é que os redatores se valorizem também e que não apresentem seus
trabalhos como se fosse um mercado de leilões, em que quem cobra menos faz o
trabalho, assim a concorrência se torna desleal e os trabalhos de qualidade não
são valorizados.
Um excelente redator profissional
para viver da escrita precisa aprender sobre diversos temas e nichos de
negócios, ser bom de pesquisa, compreender a persona do negócio do cliente, ou
seja, o que pensa, sente, o que a faz decidir sobre a compra de um produto e escolha
da empresa. Ser antenado com o que acontece na sociedade, como funcionam os
pensamentos e a fonte dos desejos do comprador em potencial. Ou seja, não é
algo que se faz sem refletir, analisar, argumentar, conhecer um pouco de
tecnologia, marketing digital, SEO, inbound marketing, comunicação, empatia,
poder de persuasão e negociação. Enfim, ser um profissional completo.
Para concluir, fico extremamente
feliz ao me lembrar daquela menina sonhadora que eu era e que não desistiu de
um dia viver da escrita e mesmo tendo escolhido outra profissão no
passado, nunca deixou de acreditar que um dia poderia ser bem remunerada como
escritora no Brasil.