LITERATURA, MÚSICA, CINEMA, ATUALIDADES E OUTRAS DELÍCIAS...

26 de julho de 2011

25 de Julho: Dia do Escritor!

"De vez em quando você tem que fazer uma pausa e visitar a si mesmo."
Audrey Giorgi


Ontem foi o dia do Escritor Brasileiro e, pra ser bem sincera, até ler essa notícia na internet ontem eu não sabia dessa data e achei legal saber que existe um dia dedicado àquelas pessoas que alimentam o meu delicioso vício de ler mas, que infelizmente não tenho alimentado muito ultimamente.
E hoje quando me deparei com a frase acima não pude deixar de refletir que o ato de escrever e ler não passa de uma visita a si mesmo, ou seja, o autor se visita e transforma em palavras o que sente e pensa sobre determinado assunto e o leitor se visita na medida em que encontra sintonia com o que aquele autor expressou e, à distância o elo entre os dois pensamentos se faz e a conexão te transformará, porque você nunca mais será o mesmo depois que ler uma obra, um artigo, um poema etc.
Admiro a capacidade que alguns escritores da ficção têm de nos fazer viajar a outras épocas e à um mundo totalmente lúdico e de fantasia, nos permitindo assim, aliviar as tensões da realidade nos fazendo sonhar. E outros autores que nos informam através das notícias como está o mundo influenciando as nossas opiniões e as nossas decisões. 
A responsabilidade de envolver as pessoas no que você escreve e a propagação dessa arte são muito grandes e não existe verdade absoluta de opiniões e argumentos no que você escreve, existe apenas a maneira como você interpreta o mundo e o que você faz com isso é o que fará a diferença na sua vida e daqueles que o lêem.
Espero que os escritores pensem na arte e não apenas no lucro comercial de suas obras e transformem o mundo com as suas palavras.
Feliz dia do Escritor!! Profissional ou Amador!

25 de julho de 2011

Como é que se Esquece Alguém que se Ama?

Bom dia!! Li este texto na internet e como ele vai de encontro ao que eu penso e sinto sobre este assunto, resolvi compartilhá-lo com vocês e espero que curtam como eu. Os sentimentos que se mostram aqui são sofridos e tenho certeza de que todos já passaram alguma vez por isso e cada um encontrou a sua maneira de superar as suas dores e seus amores e aí é que reside a beleza da vida, do recomeço e do aprendizado sem fim.

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'